A interferência quântica
Uma forma de fazer o experimento é acender uma luz monocromática diante de 2 placas. Na 1ª, mais próxima da lâmpada, são feitas 2 fendas paralelas que permitem parte da luz passar e iluminar a 2ª placa, um pouco mais distante.
Por ter ‘natureza ondulatória’, assim como as ondas da superfície de um lago a luz ao atravessar o 1º anteparo se recombina como se em cada fenda houvesse uma fonte de luz. Quando a crista de uma onda encontra outra, elas se somam, gerando uma crista mais alta – o mesmo acontece quando dois vales se encontram. Já quando uma crista coincide com um vale, há um efeito destrutivo, e eles se anulam.
A combinação de cristas e vales produz faixas iluminadas e escuras que se intercalam no segundo anteparo – é o que os físicos chamam de ‘padrão‘,ou ‘franja de interferência‘… E, da definição de Matsas: “Coerência é a propriedade que os sistemas têm de produzir esse padrão de interferência”.
Porém, os físicos descobriram que, o que acontece com as ondas, também ocorre com átomos ou partículas atômicas, como os elétrons. Lançados um a um, aleatoriamente, contra o 1º anteparo — os átomos produzem padrão de interferência igual ao da luz.
No caso da mecânica quântica… — isso só se explica… — se cada átomo passarsimultaneamente pelas 2 fendas (ou seja, possuir propriedades ondulatórias).
Diversos experimentos já demonstraram que, quando se usa qualquer tipo de detector para tentar saber por qual das 2 fendas a partícula de fato passou, a resposta é sempre única — a partícula passa pela fenda da direita, ou da esquerda. Quando esse tipo de medição é feita, porém, a franja de interferência desaparece do 2º anteparo – e assim, perde-se a coerência. Os físicos entendem essa 2ª medição…a abertura da caixa para espiar o ‘gato de Schrödinger’ –- como a interação do sistema com o ambiente.
Antes isolado, o sistema mantinha um comportamento quântico. Nesse estado, o fóton, ou o elétron – por exemplo…podiam passar pelas 2 fendas ao mesmo tempo. Ao se desfazer a coerência, essa capacidade some… e as partículas passam a exibir comportamento clássico (atravessam apenas, uma das duas).
Nessa transição para o mundo clássico, perde-se informação quântica, como a que permitia a partícula estar em 2 lugares ao mesmo tempo (ou… o gato morto e vivo) —“Não há como reproduzir o mundo clássico, sem perder informação do quântico”…diz Matsas… — Já em um artigo publicado em 2002 na ‘Los Alamos Science’ — revista de divulgação dedicada a temas da fronteira da ciência, Wojciech Zurek assim escreveu:
“Uma forma de compreender a existência objetiva induzida pelo ambiente é reconhecer que os observadores… – em especial…os humanos – não medem nada diretamente. Na verdade, a maior parte dos dados que obtemos sobre o Universo é adquirida — quando as informações sobre os sistemas que nos interessam são interceptadas pelo ambiente”.
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